O
fígado e a tireoide
José
Carlos Ferraz da Fonseca
Médico
especialista em doenças do fígado (Hepatologia)
Das
inúmeras doenças relacionadas à tireoide, duas preocupam tanto os médicos como
os pacientes, pois ambas estão relacionadas com a funcionalidade da referida glândula.
A primeira é conhecida como hipotireoidismo
e a segunda como hipertireoidismo.
Várias causas estão incriminadas na disfunção da glândula tireoide, e a
principal seria de origem autoimune (organismo produzindo anticorpos contra a
tireoide). Pacientes portadores crônicos do vírus da hepatite C (VHC), em
tratamento com interferon alfa ou peguilado, podem desenvolver doenças da
tireoide, principalmente o hipertireoidismo. Em pacientes com doença hepática
crônica C, sem tratamento, observa-se significativa prevalência de
hipotireoidismo. A associação hepatite crônica C + doenças da tireoide é mais
frequente no sexo feminino.
Os
sinais e sintomas da disfunção tireoidiana são vastos e podemos citá-los por
doença. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, no
hipotireoidismo (Doença de Hashimoto), observam-se: queda na produção dos
hormônios T3 (tri-iodotironina) e T4 (tiroxina); aumento dos níveis do
colesterol sanguíneo; aumento da tireoide; prisão de ventre; dores intensas nos
músculos (mialgia); fadiga; menstruação irregular; pele seca; aumento do peso
corporal; sonolência; queda de cabelo; depressão; diminuição dos batimentos
cardíacos (bradicardia). Com relação ao hipertireoidismo ou tireotoxicose, destacam-se:
baixos níveis sanguíneos do TSH (Hormônio Estimulante da Tireoide); aceleração
dos batimentos cardíacos, mais de 100 batimentos por minuto (taquicardia);
irregularidade no ritmo cardíaco, principalmente em pacientes com mais de 60
anos; nervosismo, ansiedade e irritação; mãos trêmulas e sudoréticas; perda de
apetite; intolerância a temperaturas quentes e probabilidade de aumento da
sudorese; queda de cabelo e/ou fraqueza do couro cabeludo; rápido crescimento
das unhas, com tendência à descamação das mesmas; fraqueza nos músculos,
especialmente nos braços e coxas; intestino solto; perda de peso importante;
alterações no período menstrual; aumento da probabilidade de aborto; olhar
fixo; protusão dos olhos, com ou sem visão dupla (em pacientes com a Doença de Graves);
acelerada perda de cálcio dos ossos, com aumento do risco de osteoporose e
fraturas.
O
hipotireoidismo ou o hipertireoidismo podem comprometer o fígado? Sim, e, por vezes,
ocasionam quadros graves de hepatite. Tanto no hipotireoidismo (Doença de Hashimoto)
como no hipertireoidismo, doenças de caráter autoimune, o fígado pode ser
agredido e ocasionar formas agudas ou crônicas de hepatite. Pacientes portadores
de cirrose hepática sem causa conhecida podem ser vítimas das desordens da tireoide
não diagnosticada devidamente. A hepatite ocasionada pela disfunção da tireoide
é denominada de hepatite autoimune. O diagnóstico, geralmente, é de exclusão e se
observa, além das alterações no sangue da T3, T4 e TSH, aumento das
aminotransferases (ALT, AST). O diagnóstico pode ser confirmado com a presença
dos anticorpos contra a tireoide e pela biópsia hepática. A maioria dos meus
pacientes com doenças da tireoide com comprometimento hepático pertence ao sexo
feminino e a idade média é 31,2 anos. Sempre os encaminho ao endocrinologista, visto
que o tratamento correto da disfunção tiroidiana deve ser indicado pelo
especialista.
Recente
trabalho publicado em revista médica científica internacional (JOURNAL OF
HEPATOLOGY, 2012) revela dados interessantes com relação às doenças da tireoide
e do fígado. Nesse estudo, de acordo com os autores, existe uma estreita
relação entre o hipotireoidismo e a esteato-hepatite não alcóolica (leia neste blog artigo sobre a referida doença
hepática). Foi encontrada uma relativa prevalência do hipotireoidismo entre pacientes
portadores da esteato-hepatite. Apesar das limitações do estudo e a dependência
de seus resultados serem confirmados por outros pesquisadores, provavelmente, o
tratamento da esteato-hepatite estaria associado às drogas utilizadas no
tratamento do hipotireoidismo.
Tenho
como rotina sempre solicitar, principalmente dos meus pacientes pertencentes ao
sexo feminino, as dosagens no sangue dos hormônios tiroidianos (T3, T4, TSH),
mesmo que não apresentem testes laboratoriais da função hepática alterados.
Se você
pertence ao sexo feminino, faça um check-up
anual e solicite ao seu médico, além das
dosagens das aminotransferases (transaminases), a dosagem dos hormônios da
tireoide, pois as doenças da tireoide podem cursar assintomaticamente, ou seja,
sem quaisquer dos sinais ou sintomas clínicos do hipotireoidismo ou
hipertireoidismo.
Um comentário:
sou portador hep.c cronica,cirrose estagio A3F4,varizes esof.esplen.aumento veia esplenica,plaquetomia persistente,indisposição,irrto,disturbio atenção,etc,etc.fiz tratamento 2 vezes com ribav.epeguilado,hepatolgo indicou 3ºtratamento.consenso deSalvador negou.o PCDT NÃO DISSE PORQUE.quero saber se estou jana porta da morte,ou se tenho alguns anos.meu hepatologista,dr.humberto novais não esclarece isto.e pior não consigo nem auxilio doença,mesmo tendo relatorio com HEPATOPATIA GRAVE. me cuido,mas quero saber se quem sabe, o 3º,possa me salvar mais uns anos de vida..seu blog é maravilhoso!brigada
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