Hepatite aguda pelo vírus da hepatite B(VHB)
José Carlos Ferraz da Fonseca
Médico especialista em Doenças do Fígado (Hepatologia)
Imagem ilustrativa do VHB sob domínio público na internet


Do ponto de vista clínico, como se comportaria um indivíduo que adquire hepatite B? Do provável contato com o vírus B ao aparecimento dos primeiros sinais e sintomas (período de incubação) da doença, este período pode variar de seis semanas a seis meses. Ao se infectar com o VHB, um número significativo de pessoas se torna portadora crônica (assintomática) do VHB ou desenvolve forma aguda de hepatite. Os portadores crônicos do VHB são sempre assintomáticos, o vírus não se replica e nem agride o fígado e, conseqüentemente, os portadores não desenvolvem doença hepática. As taxas das aminotransferases (enzimas produzidas no fígado que aumentam quando o mesmo é agredido) cursam sempre normais.

Na fase aguda de hepatite B, observamos sintomas e sinais semelhantes a um estado gripal (febre, cansaço fácil, dor no corpo, falta de apetite). Os sintomas digestivos aparecem geralmente no quarto ou quinto dia de doença e são os seguintes: vômitos, enjôos, dor abdominal tipo cólica, os olhos ficam amarelos e a urina cor de guaraná regional. O fígado e o baço aumentam de tamanho. Alguns pacientes apresentam manifestações extra-hepáticas induzidas pelo vírus B em outros órgãos que não o fígado, tais como: inflamação no pâncreas (pancreatite), urticária, um tipo grave de anemia, inflamação no miocárdio (músculo cardíaco), lesão dos vasos (vasculite). Com o surgimento dos olhos amarelos, a febre tende a desaparecer e regride grande parte dos outros sintomas iniciais. Geralmente, o período agudo da doença resolve-se em média de 50 dias.

Existe tratamento para as formas agudas de hepatite B? Para combater o vírus, não. Devemos esperar a evolução natural da doença. Porém, se o paciente apresentar febre, dor de cabeça ou outra manifestação clínica da doença, prescreve-se tratamento sintomático (analgésicos, antitérmicos). Com relação à dieta, deve-se evitar frituras, alimentos gordurosos (queijos amarelos, manteiga, lingüiça), chocolate, bebida alcoólica e fumar. O repouso deve ser relativo e é bom evitar esforços físicos exagerados.

Como se faz o diagnóstico laboratorial de uma hepatite aguda B? Confirma-se pelo aumento das aminotransferases (enzimas produzidas no fígado que se elevam no sangue quando este órgão é agredido) e pela presença no soro dos marcadores de infecção aguda pelo VHB. O diagnóstico da hepatite aguda B não pode ser feito somente através dos achados clínicos ou pelo aumento das aminotransferases. Tal diagnóstico só é confirmado pelo encontro no soro dos marcadores de infecção aguda pelo VHB.

É bom lembrar que as manifestações clínicas e o aumento das aminotransferases são semelhantes em qualquer tipo de hepatite aguda, seja pelo vírus da hepatite A, medicamentosa, alcoólica e outras mais. Lembre-se: somente seu médico é capaz de analisar os resultados sorológicos e confirmar a causa de sua hepatite aguda.

Um grande número de pacientes que apresentam hepatite aguda B (95%) se cura, apesar do médico, com o médico ou sem o médico. Apenas um pequeno número (5%) de pacientes evolui para as formas crônicas de hepatite. A persistência do processo inflamatório agudo no fígado por mais de seis meses e sem melhora clínica ou laboratorial (aumento das aminotransferases e persistência do vírus B no sangue) é denominada de hepatite crônica B.

Um comentário:

Anônimo disse...

Posso ter hepatite B sem sintomalogia nenhuma?